quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Humanamente falível




O implícito confunde...
O não-dito ecoa por todos os cantos esta noite, muito mais alto que as palavras mudas que me disse.
Não importa o quanto eu ou você tentemos entender, tudo que se ouve são nossos próprios devaneios insensatos, egoístas porém sinceros...
Sinceramente engasgados.

Engoli palavra por palavra, eram amargas demais para serem ditas em voz alta.

São só letras e elas não podem ferir, mas ameaçam cortar a linha tênue que separa a tempestade da calmaria.
Desordem. Crescemos e mudamos, mas continuamos falíveis.

Não preciso entender.
Não quero que entenda.
Eu quero fechar os olhos e ser ouvida sem falar. Ecoar pensamentos, gritá-los até que saiam da minha mente e sejam escutados pelos ouvidos da sua alma, como que sussuros. Como que abraços apertados.
Não penso em sentir pois já sinto sem pensar...
Hoje eu sou o poético e você o racional.
Não estamos na mesma página, mas ainda somos o mesmo livro, autores de nós mesmos.
Apaguemos então o último parágrafo que foi escrito, pois não vale a pena ser lido de novo.
Não são as palavras que ferem, é a consciência.
Pule para a próxima página em branco.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Just like a dandelion, I'm blowing you away.

Sonhei, projetei, e construi o mais belo castelo já visto.
Só não sabia que era feito de areia, de sal e poeira.
Com o tempo, o vento, a chuva e as tempestades, as rachaduras e buracos se tornaram visíveis e cada vez maiores, mais profundos.
Quando notei já tinha ido ao chão, desmoronou sobre mim.
O peso amargo do desencanto me manteve imóvel debaixo dos escombros do castelo que era meu.
Todo aquele entulho me sufocou e resolvi finalmente deixar o que sobrou da utopia do universo que desenhei se desfazer.
Levantei-me e deixei pra trás.
Desvendar novos mundos, sonhar. Ao infinito, e além.

Bon Voyage dandelion.



domingo, 8 de agosto de 2010

Meu artilheiro


Hoje eu estava lendo novamente a sua história. A da caverna do diabo sabe?
Aposto que seu pai ficaria muito orgulhoso em ver que você leva consigo as lições que ele te ensinou.
Que guarda muitos momentos bons na memória, e mais do que isso, que hoje é um ótimo pai.
Eu não me lembro quando foi a última vez que te escrevi, que te fiz um desenho, que você deitou no meu colo e me obrigou a mexer no seu cabelo, rs, que demos um abraço apertado...
Acordei pensando em você. Lembrei das nossas partidas de videogame, sentados naquelas cadeiras de praia no meu quarto, até de madrugada... Ainda consigo sentir o calor daquelas noites, o ventilador branco no canto, coca-cola e muitos: “cadê a estrela do mario pai??”
De montar o autorama, dos bichinhos de durepoxi que me ensinou a fazer, de quando eu tinha medo de tomar banho no quartinho dos fundos e você me esperava e de vez em quando gritava na janela... “-Cabô Ká?” “-Não, com o nariz pai!” J
De doom [caramba, aquilo não era jogo pra criança.. hahaha], dos peões, as pipas, e até aquela bicicleta que foi roubada, mas o meu herói buscou pra mim...
Sinto falta disso. Das nossas conversas, das nossas orações, de “Alá não gosta disso” e das sessões horríveis de cinema em casa que fazíamos às sextas-feiras...”Colheita Maldita II” só tinha graça por que estávamos assistindo juntos...
Sinto falta de testar seus jogos novos, do xadrez [ok, de perder pra você no xadrez...] de cantar Lulu Santos no Del-rey e de furar seu dedo pra ver como é sangue no microscópio.
Mas hoje de manhã, não foi nenhuma dessas a primeira lembrança que me veio à memória...
Acordei pensando no dia em que eu fui artilheira de handball, com aquele troféu mixuruca na mão, e um baita sorriso no rosto, não por ter sido melhor que os outros ou pela medalha... Eu fiquei feliz por que você chorou. Me abraçou e disse que eu era o maior orgulho da sua vida.
Eu só queria dizer hoje, que eu faço um monte de besteiras... Tô errada e não assumo, bato o pé, faço cara feia... Que eu sei disso, e que todos os dias, se eu volto do trabalho tarde e subo correndo, ou passo noites em claro desenhando, é só por que eu tento ser a sua artilheira...
Você sim, meu pai, meu amigo, meu companheiro, meu espelho, meu guia e o que me dá as piores broncas tbm, (rs) é o grande orgulho da minha vida.

E faço das suas, as minhas palavras...

“A única resposta que encontrei foi: - Ele era meu pai! Meu pai falava pouco, mas o pouco que falava eram lições maravilhosas”


Eu te amo, e isso é pra sempre.


[vou ficar esperando a correção tá? rs]