terça-feira, 7 de setembro de 2010

8 ou 80mm de chuva.


Isso não é um poesia.
Isso não é uma declaração, um texto, uma história e nem sequer pretende atingir ninguém.
Isso não está subentendido.
Isso não foi ouvido e também não será dito em voz alta.
Isso não é romântico, dramático e não é mesmo engraçado.
“Isso” sou só eu, meia-noite de segunda-feira no escuro do meu quarto, da casa, da rua e do bairro inteiro.
Este é um daqueles dias que eu tenho muito a dizer e ninguém pra me ouvir.
A luz acabou e a chuva não faz barulho.
Chuva sem barulho não é boa pra dormir...
Chuva sem barulho é só metade. Não é oito nem oitenta. Quente nem frio...Mal consegue ser algo.
Chuva sem barulho é só um molhado incômodo.
Nem nuvem nem tempestade, só o meio termo.


Por medo de dissipar-se como nuvem, ou de ouvir reclamações daqueles sem guarda-chuva sendo tempestade, contém-se em ser chuvisco, metade do todo.


Ninguém gosta de garoa. Não te molha de verdade, só te impede de ficar seco.
Como fenômeno meteorológico sempre me mantive entre “secas seguidas de ondas de calor” ou “pancadas fortes de chuva até o fim da semana”.


Quero ter chuva forte de novo.
Vê-lo correr pra se esconder em um abrigo seco, ou quem sabe se molhar e ver você sorrindo, cantando “I’m singing in the rain” no meio da rua, em voz alta.
Te ver dormir ao som dos pingos quentes na janela do seu quarto.
Ver que fica feliz quando molha seu jardim, fazendo crescer suas flores...


Eu preciso do seu e do meu tudo ou nada.


Quero deixar o silêncio de lado, preciso do meu barulho de volta...
Pegue sua capa amarela, suas galochas e seu guarda-chuva, ou então me espere na rua com seu barquinho de papel e um sorriso no rosto.


To indo me encharcar. Lavar a alma.

Previsão Meteorológica para o Outono em pleno Setembro: pancadas fortes de chuva e calor.

Agarre seu guarda-chuva. Ou não.