Cansada de ler livros sem gravura ou diálogos, dormiu e sonhou com um lugar inédito.
Inerte, via pessoas indo e vindo, vazias como as histórias que lia antes de dormir; sem cor nem graça.
Tentou acordar, não conseguiu.
Olhou em volta e em meio aos corpos cinzas notou um brilho imenso que fez cegar sua vista.
As luzes, os sons, os corpos dançando, os batimentos cardíacos; tudo se fez silêncio para admirar aquela luz. ..
Hipnotizante, não conseguia mais distinguir sonho de realidade.
Já não queria acordar.
Ardendo em curiosidade, seguiu a luz. Brilhava como Sirius, mas de perto descobriu que era um sorriso.
Um sorriso como nunca havia visto. Fazia-se necessário...
E daquele sorriso se fez o abraço, e do o abraço se fez o beijo.
O beijo dividiu aquele sorriso em dois. E deles se fizeram coincidências, descobertas, vontades e uma estranha saudade.
O sentimento já há tempos desacordado se fez presente.
Em devaneios sorria só de pensar naquele brilho... Ia para outros mundos, vivia agora na Terra do Nunca e não mais no País das Maravilhas.
Teve medo, já não sabia explicar o que estava acontecendo.
Já não queria mais seus livros cinzas.
Sem pensar como faria para sair dali, pulou no infinito daquele universo; o de um sorriso.
Tomou coragem e abriu aquele livro que dizia em letras grandes na capa:
“DESVENDA-ME.”